terça-feira, 15 de janeiro de 2013 - por Thiago

Engano? Não tem problema!

Foi mais ou menos isso que eu disse ontem (só que em francês, como é o praxe por aqui na maioria dos casos), quando recebi uma ligação de um senhor procurando alguém que definitivamente não era eu. Normalmente, a pessoa se desculpa pelo engano , delisga o telefone e a vida continua, certo? Bem, desta vez foi um pouco diferente.

O senhor em questão realmente se desculpou pelo engano e antes de desligar me alertou gentilmente para eu tomar cuidado com a gripe, pois viu que minha voz estava um pouco rouca. Eu agradeci e disse que já estava melhorando, mas aí ele disse que está uma onda terrível de grupe nestes dias e que todo cuidado é pouco, principalmente quando se tem a idade dele.

O fim? Nada disso. Logo depois ele meio que gostou do papo e eu não me recordo como ele passou do lance da saúde para começar a me contar sobre como seu pai veio da Acádia (hoje New Brunswick) para o Québec e que deixou um pedaço de terra bem generoso para ele e seus irmãos à beira do rio em Laval, e sobre como ele é feliz aqui no Québec podendo ver o Sol se por todo dia dentro do rio, olhando de sua janela.

Como a educação aqui neste história ainda é um ponto observado, o senhor me pediu desculpas de ter falado tanto sem nem saber se eu estava disponível para falar com ele, mas eu respondi que não tinha problema algum pois eu estava em horário de almoço (o que era de fato verdade). E porque não bater essa papo até o fim com este desconhecido, já que a vida tinha preparado um encontro tão inusitado como este?

Neste papo vai, papo vem, ele descobriu que eu sou brasileiro e me disse que gosta muito de ver na televisão quando passam notícias do carnaval do Rio (ah vá! é mesmo que é isso que gringo conhece do Brasil?) com a mulherada dançando semi-pelada na telinha, mas logo o assunto voltou para o sua casa e sobre como o seu pai construiu tudo aquilo há tantos anos atrás, e que tudo ainda está em perfeitas condições e blá blá blá.

Eu escutei bastante, sempre deixando alguns "sim, claro!", "que interessante!" e "compreendo perfeitamente" no meio do caminho para que o senhor não achasse que eu tinha desligado o telefone na cara dele, e ao final ele agradeceu muito o tempo que eu dispensei a ele e pela agradável conversa que tivemos. Eu também agradeci pela conversa e desejei um feliz ano novo a ele, que prontamente me achou muito gentil, retribuiu os votos e finalmente desligamos o telefone.

Agora, me fala a verdade, caro leitor: Não tem que amar esse povo doido daqui?

:)

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